Papo Running – Fumar e correr não é uma combinação possível

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O cigarro ainda é segunda droga lícita mais vendida no mundo, perdendo apenas para a cerveja e os amigos destilados. Ainda é o mau do século (veio desde o século passado se propagando na segunda guerra) e ainda é um dos maiores problemas da humanidade. E, mesmo com tanta informação, ainda temos muitos corredores fumantes.

Esta combinação funciona? Não, apenas em curto prazo.

O fumante corredor é uma bomba relógio e precisamos falar sobre isso porque, eventualmente, cruzo com postagens em redes sociais com a seguinte frase: “eu fumo e pratico corrida de rua, e você?” Nos comentários a lista de gente que faz a mesma coisa é grande. E assustadora.

O que pode acontecer?

Talvez o fumante possa se sentir bem enquanto corre e acredita estar tudo OK. Não está.

Além das mais de 20 substâncias nocivas para o organismo lançadas diretamente no pulmão, o fumante tem outros problemas sérios para pensar antes de sair para correr após uma tragada.

O cigarro aumenta a pressão arterial e a corrida de rua também. Ele deixa o sangue mais grosso e dificulta a sua circulação quando o corredor mais precisa: durante a atividade física. Logo, ele está forçando seu corpo a funcionar 3x mais intensamente do que deveria durante uma corrida de rua. E isso é muito, muito, muito sério.

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Imagine tentando correr com um saco de cimento nas costas de 20 quilos. É cansativo, concorda? E é isso que o fumante faz com o seu coração. Ele o força a funcionar com intensidade quando não precisava. O resultado é o aumento das chances de uma parada cardio respiratória ali mesmo, na pista.

O coração bate sim, mas bombear o sangue é complicado porque há veias e artérias entupidas por conta do vício e um sangue mais grosso. E isso é uma questão de tempo antes de causar um problema mais grave.

Isso sem falar nos outros problemas de saúde…

Não ignoro o fato do fumante saber de todos os malefícios do cigarro porque estão na embalagem, nos comerciais de TV e matérias de jornais. o nosso querido e ex-fumante Dráuzio Varella já está cansado de repetir em séries de TV, em seu canal do Youtube e no seu site. Ele até escreveu um livro sobre corrida de rua o qual cita sua vida como fumante e o quanto melhorou sem ela.

Os fumantes sabem que o cigarro faz mal. É fato.

Porém, o fumante corredor pode não saber que ele nunca melhorará na corrida.

Você nunca vai melhorar na corrida

Enquanto fumante, nunca se pode esperar ser um corredor de elite. O pulmão não permite isso. Sendo um consumidor mediano, de em média 10 cigarros por dia, a sua capacidade pulmonar está restrita a no máximo 80%. Ou seja: seu pulmão funciona 20% ao menos que um corredor de rua não fumante funciona. Você está, então, forçando bastante a barra para seu sistema respiratório.

O consumo de uma carteira de cigarro por dia ou mais deixa seu pulmão em torno de 60 a 70% de sua capacidade pulmonar. É como tentar respirar com um saco plástico amarrado no rosto. Não é nada legal. Esses dados são de minha pneumologista, OK? Especializada em tratamentos para parar de fumar.

Isso sem contar na tosse constante, na dificuldade de respirar até mesmo no dia a dia de tanto inalar fumaça noviça.

Com esses dados acima eu te afirmo: você nunca vai ser corredor de elite fumando ou nunca terá um pace baixo. Seu pulmão não aguenta, o coração cansa e, durante um treino intenso de treinos, será obrigado a parar. O ar simplesmente falta, não consegue entrar e correr se torna uma tortura em alguns momentos. E não é para ser assim.

O que fazer então?

Praticar atividade física é bom, mas forçar o corpo a fazer isso sem sua plena capacidade pode causar problemas sérios. O coração pode parar, seu pulmão pode entrar em colapso. Isso sem contar as dificuldades as quais o corredor de rua tem enquanto praticante da atividade ao lado do cigarro que os outros não tem.

Sem fumar a recuperação é muito mais rápida pós treino e não há aquela dor quando se tenta aumentar a velocidade.

Largar o cigarro não é fácil para alguns, então procure ajuda. Clínicos gerais e médicos pneumologistas (responsáveis por tratar o pulmão) oferecem tratamentos com medicamentos que ajudam a largar o vício. Eles podem te ajudar muito a curtir seu esporte sem dor no peito.

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